O paisagista holandês Frans Post foi o primeiro artista a registrar imagens do Brasil colonial. Suas pinturas mostram paisagens, engenhos e a escravidão do Nordeste açucareiro do século XVII. Trata-se de uma valiosa fonte histórica da qual extraímos a imagem “Engenho de Itamaracá” para o aluno colorir e trabalhar em sala de aula.
***Ao final do artigo, instruções para a atividade e download do desenho para colorir***
O artista

Frans Post, Worcester Art Museum.
O pintor holandês Frans Post (1612-1680) veio para o Brasil, em 1637, junto com a comitiva do governador holandês, de Maurício de Nassau, à época da ocupação holandesa no Nordeste (1630-1654).
Durante os sete anos que permaneceu no Brasil, Frans Post pintou paisagens, vistas de portos, fortificações e engenhos tendo o cuidado em reproduzir detalhes da topografia, fauna e flora. Desse período colonial conhecem-se apenas os quadros: vistas de Itamaracá, de Porto Calvo, do Forte dos Reis Magos, do rio São Francisco e da ilha de Antônio Vaz.
De volta à Holanda, continuou pintando cenas brasileiras, baseando-se em esboços e desenhos. Ilustrou a obra de Gaspar Barlaeus, “História dos feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil” (1647), um relato do governo de Nassau na história do Brasil.
A obra de Barlaeus contém mapas e ilustrações entre as quais está a imagem abaixo, selecionada para esta matéria.

Engenho de Itamaracá, de Frans Post para mapa de Gaspar Barlaeus, 1647.
Presença holandesa no Brasil Colonial
Desde o início do processo de colonização do Brasil, no século XVI, os holandeses estiveram envolvidos com a produção açucareira. Antes mesmo disso, uma numerosa colônia de comerciantes holandeses estava concentrada em Lisboa e havia holandeses explorando a produção canavieira na ilha da Madeira, Canárias e Açores.
O primeiro engenho do Brasil, instalado em São Vicente, foi construído em sociedade formada por Martim Afonso de Sousa com holandeses, em 1533. Uns dez anos depois o engenho foi adquirido pela empresa holandesa Erasmo Schetz & Filhos, de Antuérpia, passando a ser conhecido como São Jorge dos Erasmos.
Seguindo o exemplo de João Veniste e Erasmo Schetz, que mandaram construir o famoso Engenho dos Erasmos, em São Vicente, uma dúzia de outros flamentos aplicou seu capital nas plantações e nos engenhos no Nordeste, de Pernambuco à Bahia. Entre os mais conhecidos há aquele de Duarte Hoelscher, em Itaparica, e aquele de Gaspar de Mere, em Marapatagibe, perto do Cabo de Santo Agostinho, desenhado por Frans Post. O total de flamengos presentes no Brasil colonia, por volta de 1600 ultrapassou certamente a centena: havia além de senhores de engenho também comerciantes, caixeiros, marceneiros, soldados e marinheiros e até miseráveis e prostitutas. (STOLS, 1996, p. 23)
Os holandeses financiaram a montagem de engenhos, forneceram equipamentos e fizeram o transporte do açúcar para a Europa, onde era comercializado.
O rompimento dos acordos comerciais entre Portugal e Holanda durante a União Ibérica levou os holandeses à ocupação do Nordeste onde assumiram o controle da produção canavieira. O conde João Maurício de Nassau foi nomeado para governar os domínios holandeses no Brasil colonial e cuidar dos negócios do açúcar. Em 1637, Nassau desembarcou em Recife trazendo em sua comitiva cientistas, homens de letras e os pintores Albert Eckhout e Frans Post.
Durante o domínio holandês (1630-1654), o abastecimento de escravos para os engenhos brasileiros foi mantido graças à ocupação de pontos comerciais na África (costa da Guiné, em 1637: Angola, em 1641).
Leitura da imagem

Moenda, detalhe de gravura de Frans Post.

Casa-grande, detalhe de gravura de Frans Post.
A gravura de Frans Post, feita para o mapa de George Marcgraf, mostra uma fazenda de cana-de-açúcar. No centro, vê-se o engenho, propriamente dito, isto é, a moenda onde a cana era moída para extração do caldo. Uma grande roda d’água junto ao rio é a força motriz para o funcionamento da moenda.
Um escravo leva à cabeça um cesto com o bagaço da cana moída. A cana é transportada até a moenda por carros puxados por bois.
À esquerda da moenda, estão os fornos alimentados por lenha que aquecem as caldeiras que cozinham o caldo de cana até se tornar um melaço.
Ao fundo, à esquerda, está a casa-grande em cuja sacada há um homem que conversa com outro, abaixo, montado a cavalo.
À esquerda da casa-grande, uma construção baixa e longa, possivelmente a senzala; à frente da entrada, um grupo de negros que parecem cantar ou dançar; dois deles seguram instrumentos de percussão.
Em primeiro plano, um grupo chega à fazenda: um homem montado a cavalo segue à frente, atrás dele, uma escrava leva um enorme cesto à cabeça. Dois negros carregam alguém na rede, possivelmente uma mulher, protegida por uma tapeçaria com franjas.

Escravos junto à senzala, detalhe de gravura de Frans Post.

Transporte em carro de boi e em rede, detalhe de gravura de Frans Post.
Instruções para aplicar a atividade

Casa do engenho de cana, baseado em Frans Post.
Cabe ao professor decidir em que momento essa atividade deverá ser proposta à classe: como fechamento das aulas sobre economia canavieira, como introdução a esse conteúdo ou mesmo durante o desenvolvimento do tema. Seja como for, a atividade deve ser feita em sala de aula, e não como lição de casa, para garantir um melhor aproveitamento do aprendizado. Portanto, solicite aos alunos trazerem lápis de cor no dia em que ela for aplicada.
Antes de distribuir os desenhos a serem coloridos, mostre a imagem original. Contextualize-a explicando sua autoria, data e explicando o tema ilustrado.
Destaque que o pintor nasceu nos Países Baixos e viveu sete anos no Brasil. Explique a presença holandesa no Brasil Colonial.
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Fonte
- LUCIANI, Fernanda Trindade. Barleus: oito anos de Nassau no Brasil. Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin.
- MELLO, Evaldo Cabral de (org.). O Brasil holandês. São Paulo: Pengoin/Companhia das Letras, 2010.
- STOLS, Eddy. “A iconografia do Brasil nos Países Baixos do século XVI ao século XX”. Revista USP, Dossiê Brasil dos Viajantes, 1996, pp. 20-31.
- Frans Post. Enciclopédia Itaú Cultural.
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